Vaticano, 15 de fev de 2011 às 12:11
O Prefeito da Congregação para o Clero, o Cardeal italiano Mauro Piacenza, assinalou que a Igreja não pode viver "sem o escândalo do celibato" que dá testemunho de Deus perante o mundo.
O L'Osservatore Romano deu a conhecer este 15 de fevereiro uma análise que fez recentemente o Cardeal Piacenza sobre o celibato desde a perspectiva do Papa Bento XVI.
Esta meditação é parte de uma série de reflexões oferecidas recentemente sobre o magistério dos pontífices do século XX na localidade de Ars, França, terra natal de São João Maria Vianney a quem o Papa dedicou o Ano Sacerdotal concluído em junho de 2010.
O Cardeal recordou que na clausura deste ano jubilar na Praça de São Pedro em Roma, perante milhares de sacerdotes de todo o círculo, o Papa disse que "para o mundo agnóstico, o mundo no qual Deus não entra, o celibato é um grande escândalo, porque mostra que Deus é considerado e vivido como realidade. Com a vida escatológica do celibato, o mundo futuro de Deus entra nas realidades de nosso tempo".
Depois de recordar as palavras do Papa, o Cardeal Piacenza questionou: "como poderia a Igreja viver sem o escândalo do celibato? Sem homens dispostos a afirmar no presente, também e sobre tudo através da própria carne, a realidade de Deus?"
"Tais afirmações tiveram cumprimento e, em certo modo, coroação na extraordinária homilia pronunciada na clausura do Ano Sacerdotal na qual o Papa rezou para que, como Igreja, sejamos livres dos escândalos dos menores, para que apareça o verdadeiro escândalo da história, que é Cristo o Senhor".
O magistério do Papa Bento XVI "sobre o celibato sacerdotal não deixa dúvida alguma" a respeito de sua validez e fundamento, considerado na exortação apostólica pós-sinodal Sacramentum caritatis de 2007 como "uma riqueza inestimável".
Nesse documento, o Papa afirma que "o fato de que Cristo mesmo, sacerdote eterno, tenha vivido até o sacrifício da cruz no estado de virgindade constitui o ponto de referência segura para compreender o sentido da tradição da Igreja".
"Em realidade representa uma especial conformação ao estilo de vida do próprio Cristo", acrescenta.
"Em unidade com a grande tradição eclesiástica, com o Concílio Vaticano II e com meus predecessores, reafirmo a beleza e a importância de uma vida sacerdotal vivida no celibato como sinal expressivo da dedicação total e exclusiva a Cristo, à Igreja e ao Reino de Deus, e confirmo assim a obrigatoriedade para a Tradição latina".
"O celibato sacerdotal vivido com maturidade, firmeza e dedicação é uma maior bênção para a Igreja e para a sociedade mesma".